sábado, 30 de abril de 2011

Apenas uma garota.

Ela tinha um sorriso nos lábios, mas ninguém sabia o que se passava dentro dela; ninguém sabia que aquele sorriso alegre escondia um sentimento profundo não tão alegre assim.
Ela se sentia desorientada, com mil e umas coisas passando em sua cabeça. Quem sabe se alguém prestasse atenção no seu olhar, percebesse o que passava dentro daquela garota.
Der repente, ela abriu a porta de sua casa e saiu caminhando pela rua sem rumo, com um único foco: o nada!
Ela andava e não olhava e não olhava pra nenhum lado, apenas caminhava com um olhar perdido e seu sorriso desaparecendo pouco a pouco.
Na verdade ela não pensava em nada, mas muitas coisas passavam pela sua cabeça. Ela não conseguia exatamente se expressar em palavras, ela apenas sentia. Muitas vezes as palavras são insignificantes quando o que realmente só se consegue sentir. E ela sentia muita coisa... Sentia-se desordenada, perdida, pequena e sem reação. Sua família não estava tão bem assim, seu namorado parecia não se importava mais tanto com ela e certos erros pesavam em sua consciência.
Ela continuava andando, agora caminhava pelo asfalto; ainda com o mesmo olhar perdido, ainda com os lábios meio esticados tentando representar um sorriso, mas ninguém ainda sabia o que havia no seu olhar, aquele olhar seco e perdido.
Der repente ela parou de andar, ignorava os carros que passavam por ela ameaçando atropelá-la. Parou e ficou refletindo, ainda olhando para o nada.
Foi então que um carro buzinou e ela saiu do meio do asfalto. Foi para o acostamento sem deixar o seu olhar perdido e a sua tristeza representada num falso sorriso; só que dessa vez ela baixou a cabeça e olhou para baixo, mas continuava com o sorriso. Ficou lá sentada com as pernas perto do corpo, lá encolhida; mas sem deixar aquele sorriso e aquele olhar. Então ela se deitou ali mesmo, naquele asfalto quente e no meio daquela neblina fria que fazia ás 18h30min daquela sexta-feira, e ficou ali com seu rosto da mesma forma. Der repente ouviu seu nome, mas nem piscou,
a chamaram de novo e ela finalmente ouviu, sabia quem era, sabia que era o seu porto seguro ali olhando pra ela. A garota não reagiu. Continuava com o olhar perdido e o sorriso forçado; ela a chamou pela terceira vez e ela então mexeu seus olhos e foi desfazendo seu sorriso devagar e finalmente sentiu uma lágrima escorrendo pelo seu rosto.
Ele chegou perto dela sem dizer nada e ficou observando-a, ela então olhou pra ele e eles ficarão se olhando em silêncio, a garota olhou pra baixo novamente e ele colocou as mãos no rosto dela levantando-o. O rapaz então a abraçou e olhou no fundo dos seus olhos e viu ele lá, na verdade viu no olhar dela todos os momentos que tiveram juntos e então ela foi fechando os olhos lentamente e morreu ali nos braços do seu amado, com todos os seus sonhos estando ali por encerrados, exatamente naquela hora em que fechou os olhos completamente.


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